Chega a 73 número de mortos em terremoto na Itália

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DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Um forte terremoto atingiu a região central da Itália na madrugada de quarta-feira (24), deixando ao menos 73 mortos. Diversos vilarejos foram afetados, alguns deles com parte de suas construções desmoronadas, mas informações preliminares sugerem que o desastre não afetou nenhuma zona densamente povoada.
O número de mortos, que deve crescer durante as próximas horas, foi informado pela Defesa Civil italiana. Há centenas de feridos e milhares de desabrigados. O terremoto foi descrito como “severo” pelas autoridades italianas.
“Metade da cidade não existe mais”, afirmou Stefano Petrucci, prefeito de Amatrice (a 140 km de Roma), uma das cidades mais afetadas. Vivem ali menos de 3.000 habitantes. O acesso foi bloqueado por um deslizamento de terra e pela queda de uma ponte.
O serviço geológico dos EUA registrou que o terremoto, às 3h30 locais (22h30 em Brasília) teve magnitude de 6,2, com epicentro em Norcia, na Úmbria, a 10 km de profundidade. Houve réplicas pela região, com tremores sentidos até em Roma. O instituto italiano para terremotos contou 60 réplicas durante quatro horas.
“Nós viemos para a praça e parecia o Inferno de Dante”, conta Agostino Severo, fazendo referência à obra “Divina Comédia”, do autor italiano Dante Alighieri.
Severo, que mora em Roma e visitava o vilarejo de Illica, ao norte de Amatrice, afirma que “as pessoas choravam por ajuda. O resgate chegou após uma hora, uma hora e meia”.
Pacientes de um hospital local foram deslocados à praça de Amatrice. Em outros povoados afetados, moradores abandonaram as casas durante a madrugada após os tremores.
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, afirmou que “nenhuma família, nenhuma cidade, nenhuma aldeia será deixada abandonada”. Em pronunciamento à TV italiana, ele disse que a prioridade para os próximos dias é resgatar sobreviventes que possam estar soterrados nos escombros. Renzi deve ir à região atingida ainda nesta quarta.
Em nota divulgada na manhã desta quarta, o Itamaraty afirmou que, até o momento, não há registro de brasileiros entre as vítimas e expressou solidariedade ao povo italiano.
De acordo com a rede pública italiana Rai, houve mortos em cidades como Pescara del Tronto, Accumoli e Amatrice. O prefeito de Accumoli afirmou que 2.000 pessoas perderam suas casas.
Um morador de Arquata, citado pela RaiNews, revelou que vários prédios ficaram destruídos na localidade, a 25 km de Norcia, mas não citou feridos. “Os moradores estão na praça central e muitos prédios desabaram.”
Equipes de resgate trabalhavam durante a manhã em busca de sobreviventes. Moradores da região relatavam vozes vindas debaixo dos escombros.
Com diversos povoados montanhosos afetados pelo tremor, as operações enfrentavam dificuldades de logística. A Cruz Vermelha pediu que automóveis evitem as estradas ao norte de Roma para ajudar as equipes a chegar às zonas afetas.
No Vaticano, o papa Francisco cancelou parte de sua agenda para rezar pelas vítimas, de acordo com a agência Reuters.
TERREMOTOS
A Itália é um dos países com maior atividade sísmica na Europa, devido a sua posição entre duas falhas geológicas. Em 2009, um terremoto de magnitude 6,3 na cidade de Áquila deixou mais de 300 mortos.
O tremor mais letal no país desde o início do século 20 ocorreu em 1908, com estimativas de 80 mil mortos na região sul.