CINEMA – O Grande Hotel Budapeste

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Por Carol Campos ([email protected]).

Não é difícil reconhecer Wes Anderson enquanto se assiste ao O Grande Hotel Budapeste. Quem acompanha o trabalho deste diretor, consegue o identificar com facilidade, logo no início do longa, onde é mostrada a fachada de um cemitério e uma jovem adentrando-o. Escrito e dirigido pelo próprio Anderson e inspirado no escritor austríaco Stefan Zweig, que veio a falecer em Petrópolis, região serrana do Rio, O Grande Hotel Budapeste mostra a clara vaidade estética do diretor, já presente em seus filmes anteriores, e uma excelência que se mantém até o último segundo.
O filme se situa na imaginária República de Zubrowka, onde um escritor (Tom Wilkinson), já idoso, relembra a história de seu famoso livro e das circunstâncias que o escreveu: quando era mais novo e se hospedou no famoso hotel, que dá nome ao filme, se deparou com o senhor Zero Moustafa (F. Murray Abraham), e isso despertou sua curiosidade, pois se tratava do dono do estabelecimento que insistia em dormir em um pequeno quarto para funcionários.
Então, para contar como adquiriu o hotel, Zero se torna o narrador e voltamos mais uma vez no tempo, precisamente para a década de 1930, onde somos apresentados ao concierge do hotel durante sua época de ouro, Monsieur Gustave (Ralph Fiennes), e o próprio Zero (agora interpretado pelo novato Tony Revolori) que era seu “fiel escudeiro”.
Tilda Swinton está irreconhecível como Madame D., uma viúva rica que, após sua morte, deixa um quadro de valor inestimável à Gustave, o que provoca a fúria de seu herdeiro (Adrien Brody), e é o pivô da história principal.
O filme é uma narrativa deliciosa de se assistir, intercalando entre gêneros como a comédia sempre presente e a carga dramática implícita durante a vida dos protagonistas. A troca de narradores e épocas poderia até parecer confusa nas mãos de outro, mas Wes Anderson consegue fazer com que fique completamente natural e fácil de se assistir.
O elenco é outro show à parte, composto por grandes nomes como Adrien Brody, Saoirse Ronan, Edward Norton, Léa Seydoux, Jude Law, Jason Schwartzman, Owen Wilson, Willem Dafoe, Harvey Keitel, Tilda Swinton, Tom Wilkinson, Mathieu Amalric e, claro, Bill Murray, sendo este o seu sétimo trabalho em parceria com o diretor.
Mas os destaques ficam mesmo com Tony Revolori, em seu primeiro trabalho, e, em sua maioria, Ralph Fiennes, que interpreta M. Gustave com uma elegância e graciosidade quebrada por um palavrão ou outro em cena.
Visualmente grandioso, com uma paleta de cores vibrantes e cenários invejáveis, O Grande Hotel Budapeste é um filme belíssimo com uma originalidade impressionante e divertida que nunca fica cansativa. Se destaca em todos os aspectos e vai além dos diversos filmes exclusivamente comerciais a que somos apresentados todos os dias. É o cinema em sua mais pura forma.

grand-budapest-hotelO Grande Hotel Budapeste
Ano: 2014
Direção: Wes Anderson
Gêneros: Drama, Comédia
Duração: 100 minutos