Nova restrição a motos na marginal Tietê estreia com dúvida e elogio

Único jornal diário gratuito no metrô

A motociclista Fernanda Pacheco, 27 anos, levou um susto no início da madrugada deste domingo (14) ao ler em uma placa de sinalização que a circulação de motos está proibida na pista central da marginal Tietê, das 22h às 5h, por decisão da Prefeitura de São Paulo.
Ele trafega pela marginal diariamente no trajeto casa-trabalho e não concorda com a medida da gestão João Doria (PSDB), adotada após oito mortes em acidentes de moto este ano nas marginais. A proibição começou a valer neste sábado (13) e surpreendeu motociclistas como Fernanda.
Na avaliação dela, a medida vai deixar o tráfego mais perigoso na marginal, pois só restará aos motociclistas a utilização da pista local, onde há mais acessos para entradas ou saídas de veículos da pista, número maior de pedestres circulando e também mais riscos de assalto.
As motos já são proibidas de circular pela pista expressa desde 2010, portanto só poderão rodar no final da noite e madrugada pela pista local, com limite de velocidade de 60 km/h.
“Estou chocada. Ficou mais inseguro”, disse.
A proibição é a principal aposta para conter a alta de acidente com vítimas nas marginais. Depois da elevação dos limites nas marginais Tietê e Pinheiros pela gestão Doria, em 25 de janeiro, houve nove mortes nessas pistas, oito envolvendo motos e um pedestre.
Fernanda foi uma das poucas motociclistas a passar pela pista central da marginal no início da madrugada deste domingo. Mas só fez isso porque ainda não sabia da proibição. Ao ver a placa com o aviso, foi para a pista local.
De acordo com nota divulgada pelo Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, a restrição entre 22h e 5h na pista central prevê a preservação da vida de motociclistas, presentes em 80% dos acidentes com vítimas.
Escaldado por um acidente de moto que o obrigou a passar por uma cirurgia, Pedro Santana, 31, concorda com a medida preventiva adotada pela Prefeitura de São Paulo. Para ele, há muitos motociclistas imprudentes que inclusive fazem rachas nas marginais durante as madrugadas.
“Já vi isso algumas vezes, principalmente com motos grandes”, diz.
A mesma opinião tem José Laurentino, 43, motorista de caminhão que também já presenciou o abuso de velocidade por parte de motociclistas nas marginais.
“Muitos dirigem de forma perigosa”, opina.
Nas redes sociais, a medida da gestão Doria foi ironizada por pessoas que enxergam o combate ao efeito e não à causa dos acidentes com vítimas.
“Se proibir os moradores de andar a pé zera os atropelamentos”, afirmou um dos críticos à medida. “Estão caindo muitos aviões. Vamos proibir os passageiros de embarcar, que resolve a situação”, disse outro.
O Sindimoto SP (sindicato dos motociclistas) criticou a decisão de restringir as motos.
“O problema não são as marginais, são vários motivos. Uso de álcool e drogas, falta de habilitação. Fica difícil de resolver essas situações com restrições sem entender que cada acidente é causado por um fator diferente”, diz Gil Almeida, do presidente do Sindimoto SP.

(FOLHAPRESS)