Cracolândia muda de lugar pela 4ª vez desde megaoperação policial

SÃO PAULO, SP, 31.08.2017: CRACOLÂNDIA-SP - A Guarda Metropolitana, em conjunto com a Polícia Militar, fazem ação na Cracolândia no centro de São Paulo, nesta quinta-feira (31). (Foto: Joca Duarte/Photo Press/Folhapress)
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A concentração de usuários de drogas da Cracolândia, na região da Luz, no centro da capital paulista, mudou novamente de lugar nesta quinta (31). É a quarta vez que a aglomeração de pessoas é deslocada desde a megaoperação policial ocorrida em 21 de maio, que retirou o chamado fluxo da esquina da Rua Dino Bueno com a Rua Helvétia. As informações são da Agência Brasil.

O movimento ocorreu de forma tranquila, apesar da presença de forte contingente da Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana. Os moradores e frequentadores estão concentrados na chamada Praça do Cachimbo, localizada na esquina com a Rua Helvétia, de onde tinham sido retirados há cerca de duas semanas, em ação com uso de bombas de gás e força policial. No período, o grupo ficou estabelecido na Praça Julio Prestes, enquanto a outra era reformada.

A principal mudança na Praça do Cachimbo é a substituição dos paralelepípedos por um chão cimentado para evitar que sejam retirados. Os usuários ouvidos pela reportagem admitiram que lançavam pedras contra os policiais em momentos de conflito.

A Polícia Militar disse que a mudança desta quinta foi planejada para garantir mais segurança, principalmente porque retirou os usuários do ponto com maior circulação de pessoas e veículos. Segundo a corporação, a reforma da praça foi pensada para que o local voltasse a receber o grupo.

Em maio, logo após a ação policial, os usuários de drogas foram para a Praça Princesa Isabel, onde permaneceram até serem levados para a Praça do Cachimbo. No último dia 14, outra ação da Polícia Militar levou as pessoas a se concentrarem na Praça Julio Prestes, em frente a estação de trens e da Sala São Paulo, que recebe concertos de música erudita e eventos.

 

 

Relatório do MPE, Defensoria e conselhos aponta várias falhas

 

Por ocasião da ação de maio, o prefeito João Doria chegou a anunciar o fim da Cracolândia, mas o número de pessoas no grupo ainda é considerável. Nos últimos meses, a administração municipal colocou em funcionamento o Programa Redenção, em substituição ao De Braços Abertos, baseado em redução de danos, implantado pela gestão anterior. Foram instalados contêineres adaptados para as pessoas fazerem pernoite, refeições e uso de banheiro. Um dos focos do programa é convencer os usuários a se internarem para fazer tratamento.

Relatório conjunto elaborado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, Defensoria Pública e conselhos de classe, divulgado na última terça-feira (29), mostrou diversas falhas no Programa Redenção.

Segundo o documento, a iniciativa da prefeitura é ineficaz. Foram apontadas falhas como falta de alternativa à internação, inexistência de um projeto terapêutico individualizado, falta de profissionais nas unidades de saúde, ociosidade dos pacientes durante a internação e falta de acompanhamento após a desintoxicação.